Poderemos definir com exactidão dois macro géneros de emigrantes (cada qual com as suas variantes e micro géneros, contudo não é necessário entrar em considerações científicas acerca do movimento migratório), nomeadamente:
#1 - Emigrantes-que-até-são-pessoas-de-aspecto-discreto-e-comportamento-idêntico-ao-cidadão-médio - Deriva do latim Emmigrantis Discretus. Este género de emigrantes pauta pela sua postura discreta, pretendendo viajar até à sua terra natal para passar as suas férias revendo a sua familia e amigos. Gente anónima que pauta por se disfarçar no resto da multidão.
Um pormenor importante no Emmigrantis Discretus é a sua preferência por viajar de avião, evitando assim, as longas viagens de carro. Têm pavor de Vilar Formoso e fogem a sete pés da IP5 !
#2 - Emigrantes tradicionais - Deriva do latim Emmigrantis Tradicionallis. Esta espécie de emigrantes é a, tal como o nome indica, mais tradicional no nosso país, muito visível à maioria dos cidadãos que, têm ataques de pânico no mês de Agosto quando têm que se deslocar de A a B utilizando uma qualquer estrada da rede rodoviária nacional.
O Emmigrantis Tradicionallis pode ser facilmente definido por algumas características que passo a enunciar:
a) Tem como principais ídolos, artistas como Nel Monteiro, Marante, Tony Carreira, Marco Paulo, Banda Diapasão, Graciano Chaga, entre outros grandes nomes da nossa música. Tipicamente gostam de ouvir músicas sobre uma família de emigrantes que, quase a chegar a Portugal, teve um acidente contra uma árvore devido ao cansaço do condutor, vitimando toda a família (é sempre um bom tónico para a viagem!!). Se não se recordam de quem eu falo aproveito para deixar uma foto do grandisos Nel Monteiro! Onde andas tu Nel ?!
b) Habitualmente conduzem carros co matrículas provenientes da Suíça, Luxemburgo, França ou Alemanha. Contrariamente ao emiigrantis discretus, Vilar Formoso é o seu santuário, e a IP5 o seu trilho de peregrinação. Além do factor distintivo das matrículas, um emmigrantis tradicionalis será facilmente reconhecido na estrada pelo facto de todos os passageiros efectuarem a sua viagem entalados na bagagem, algures entre o colchão de espuma e um garrafão de tinto.
Gostam de conduzir na faixa da esquerda, apenas porque esta é a faixa em que melhor se vê a vista. Circulam devagar pela mesma razão, isto é, para poderem disfrutar de tudo o que Portugal tem de bonito. Respondem com alegria quando alguém lhes buzina ou faz um sinal de luzes, acenando efusivamente. Por vezes mudam de faixa repentinamente para testar a qualidade do alcatrão e dos travões dos carros lusos. Normalmente os seus piscas avariam durante a viagem !
Os mais jovens são adeptos da personalização das suas viaturas, o chamado Tuning ! Vemos óptimos exemplares desta modalidade, entre os quais os autênticos vencedores do concurso "Panela de Escape Show Vinhais de Baixo 2006" !!!
c) Outra característica que define bem o emmigrantis tradicionallis é a sua religiosidade, manifestada pela cruz ostentada orgulhosamente. O nosso Nel ali em cima é uma prova viva desta característica !
d) Finalmente, o emmigrantis tradicionallis faz-se representar por uma linguagem própria, superiormente falada, que mais não é do que uma inteligente fusão entre diversas línguas entre as quais o Português. Dessa língua superiormente elaborada, há frases que já entraram no ouvido dos portugueses. Numa espécie de "hall-of-fame!" destaco as seguintes:
- João, vien já ici, faxabôre !
- Este âno benho de bacances até ao fim de aôut !
- Bai lá ber o poisson que está no carbón que já está a queimar !
- Jacques sai do mer que não sabes rien ! (joaquim, sai do mar que não sabes nadar)
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